Mamíferos aquáticos são animais com adaptações para viver na água, como baleias, golfinhos, peixes-bois e focas. Entre as características mais marcantes, assim como outras espécies de mamíferos, a respiração é pulmonar (respiram ar) e amamentam suas crias. Alimentam-se de diferentes recursos, e os golfinhos têm ecolocalização. No Brasil, existem várias espécies. São vulneráveis a ameaças antrópicas e são espécies carismáticas. Conheça mais sobre esses animais fascinantes e suas curiosidades!
Foto: David Dubilet/National Geographic.
Mamífero aquático é a forma como são chamadas algumas espécies de mamíferos que compartilham uma série de adaptações morfológicas e fisiológicas que garantem o desempenho, total ou parcial, de suas atividades vitais na água.
Por serem mamíferos, possuem pelos dispersos ao longo do corpo, pelo menos durante alguma fase da vida. Necessitam de oxigênio, pois respiram por meio dos pulmões. Gestam e amamentam suas crias com leites espessos e gordurosos, por longos períodos.
Este grupo faunístico, cuja origem evolutiva é diversa, é composto por cetáceos, como baleias e golfinhos (Ordem Cetartiodactyla); sirênios, como peixes-bois e dugongo (Ordem Sirenia), pinípedes, como focas, morsas, lobos e leões marinhos (Ordem Carnivora, Subordem Pinnipedia), lontras (Ordem Carnivora, Família Mustelidae, Subfamília Lutrinae) e um representante da família Ursidae, o urso polar (Ordem Carnivora). Sim, o urso polar também é considerado um mamífero aquático!
Foto: OceanWide Expeditions.
Algumas espécies são mais adaptadas ao ambiente aquático, utilizando-o, exclusivamente, para o deslocamento, reprodução e alimentação. Entretanto, há aquelas que também dependem de porções terrestres para desempenhar algumas atividades de manutenção – o que faz com que sejam considerados mamíferos de hábito semiaquático.
Enquanto os sirênios e cetáceos são exclusivamente aquáticos, os representantes da ordem Carnivora apresentam um menor grau de adaptação ao referido meio.
Os mamíferos aquáticos possuem hábitos alimentares variados. De modo geral, são carnívoros, alimentando-se de moluscos, crustáceos, peixes, dentre outros recursos – de acordo com a disponibilidade local, preferência e especificidade.
Entretanto, os sirênios são os únicos mamíferos aquáticos exclusivamente herbívoros, consumindo uma diversidade de itens alimentares vegetais, dentre macroalgas e fanerógamas (plantas que produzem flores e sementes) – ainda que cnidários, moluscos, crustáceos e outros pequenos animais possam ser ingeridos, de forma involuntária, durante o consumo de vegetação.
Foto: Projeto Viva o Peixe-boi-marinho.
Quer saber mais sobre os sirênios? Temos um artigo completo sobre esse grupo de mamíferos aquáticos. Clique aqui para ler!
São animais que produzem uma variedade de sons, em sua grande maioria utilizados para comunicação. De forma muito peculiar, os golfinhos e baleias dentadas (conhecidos como odontocetos) possuem um sofisticado sistema acústico de ecolocalização que lhes permitem obter informações sobre o ambiente (como distância, formato, tamanho e textura de objetos) e, em especial detectar presas.
São inúmeras as peculiaridades dos mamíferos aquáticos, mas existem aquelas que se destacam por particularidades específicas. O Cachalote, por exemplo, possui a capacidade de realizar mergulhos profundos e duradouros, chegando a até cerca de 5.000 metros de profundidade e permanecendo, sem respirar, por mais de 2 horas.
Foto: Nuno Vasco Rodrigues.
Por sua vez, as jubartes possuem a habilidade de emitir padrões variados de sons, além de serem capazes de percorrer mais de 8.000 km durante a migração. E vale mencionar ainda a baleia-azul, considerada o maior mamífero do mundo, alcançando até 30 metros e 200 toneladas.
Como um grupo diversificado, ocupam uma extensa amplitude geográfica, cujo padrão de distribuição é influenciado por condições que satisfazem requisitos mínimos de habitat e nicho ecológico de cada espécie. Deste modo, exploram uma gama de habitats presentes em ambientes oceânicos, costeiros, estuarinos e de águas interiores.
No Brasil ocorrem, de forma contínua ou ocasional, 48 espécies de cetáceos (entre baleias, botos e golfinhos), sete espécies de pinípedes (dentre focas, lobos marinho, elefante marinho e leão marinho), duas espécies de lontras (ariranha e lontra neotropical) e duas de sirênios (peixe-boi-marinho e peixe-boi-da-Amazônia).
Mamíferos aquáticos de águas interiores e costeiras vivem em locais onde há uma interação muito significativa com as populações humanas, já que compartilham trechos de habitats específicos e, frequentemente, utilizam recursos similares.
Em consequência disto são suscetíveis às distintas perturbações de origem antrópica (resultante da ação do ser humano), capazes de alterar o padrão de distribuição, manutenção e, em certos casos, a viabilidade da espécie impactada.
Ainda que este grupo seja amplamente protegido pelas leis ambientais, algumas espécies são categorizadas em distintos estados de conservação, do mais baixo ao mais crítico, tanto a nível local quanto mundial. Dentre as inúmeras ameaças enfrentadas pelos mamíferos aquáticos estão as interações negativas com a pesca, capturas intencionais e acidentais, a degradação de habitats, entre outros fatores antropogênicos.
De um modo geral, são espécies com baixas taxas reprodutivas, crescimento lento e bioacumuladores, além de outras características biológicas, que os tornam mais vulneráveis que de outros grupos taxonômicos.
Fonte: BBC News.
São considerados “espécies carismáticas”, ou seja, que despertam empatia e identificação popular. Sendo assim, nos últimos anos, houve um incremento nos esforços de pesquisa e programas de conservação voltados aos mamíferos aquáticos e seus habitats.
Como algumas espécies são visíveis durante o ano todo e/ou apresentam padrão migratório conhecido, ou ainda por possuírem fidelidade no uso de áreas, os mamíferos aquáticos integram cada vez mais programas de turismo de observação. No Brasil, um dos exemplos mais conhecidos são os embarques para avistamento de baleias-francas e baleias-jubartes, ao longo de suas rotas migratórias, bem como de ariranhas no Pantanal.
Recentemente, a Fundação Mamíferos Aquáticos e parceiros implementaram a Rota do Peixe-boi-marinho, uma estratégia de turismo sustentável tendo como alvo esta espécie, possibilitando a vivência com saberes e sabores tradicionais nos estados da Bahia, Sergipe e Paraíba.
Se você tem interesse em saber um pouco mais sobre os mamíferos aquáticos, continue acompanhando nosso blog e redes sociais.
Autor: Danielle Lima - Técnica Ambiental da Fundação Mamíferos Aquáticos.