Você já se perguntou quanto tempo leva para o lixo descartado no oceano se desintegrar completamente? O tempo de decomposição de cada material pode variar de acordo com sua composição e apesar de parecer um tema distante da nossa realidade, o tempo de degradação do lixo marinho é uma questão crucial para o nosso planeta. Neste artigo, vamos explorar esse tópico tão importante para vida marinha e sustentabilidade do nosso planeta.
O tempo de decomposição de alguns materiais no oceano é diferente devido as condições ambientais. Foto: Getty Images.
O tempo de decomposição do lixo refere-se ao período necessário para que os materiais descartados se desintegrem e voltem ao seu estado original na natureza, ou se transformem em componentes menores e menos nocivos para o ambiente. Esse tempo varia amplamente de acordo com a natureza dos materiais, as condições ambientais e os processos de decomposição envolvidos.
Alguns materiais, como o plástico, podem levar séculos ou até mesmo milênios para se degradar completamente, enquanto outros, como folhas e materiais orgânicos, podem se decompor em questão de semanas ou meses.
O conhecimento do tempo de decomposição é crucial para compreender os impactos ambientais dos resíduos e orientar práticas de gestão de resíduos mais sustentáveis.
Para agravar a situação, além da prolongada duração da degradação, muitos materiais apresentam potencial prejudicial tanto ao ecossistema quanto à saúde humana e dos animais, especialmente quando descartados de forma inadequada.
No contexto de consumo, é notável que uma considerável proporção das embalagens utilizadas pode ser reintegrada ao ciclo produtivo através da reciclagem. A separação adequada dos resíduos desempenha um papel vital na mitigação da poluição ambiental e no aproveitamento eficiente dos recursos.
Quando os materiais são separados corretamente, eles podem ser direcionados para coletivos de reciclagem, onde passam por processos que os transformam em matérias-primas valiosas para novos produtos.
Essa abordagem não apenas reduz a quantidade de resíduos que acabam em aterros sanitários ou nos oceanos, mas também diminui a necessidade de extrair matérias-primas, o que, por sua vez, contribui para a conservação dos ecossistemas naturais e a redução das emissões de gases de efeito estufa associadas à produção a partir do zero.
Imagem: CETESB/Divulgação.
Apesar de tudo ser “jogado fora”, a diferença entre lixo, rejeito e resíduo está na possibilidade de aproveitamento ou destinação adequada. São classificadas como “lixo” todas aquelas coisas que não queremos mais, como restos de comida, embalagens usadas e objetos quebrados. Dependendo do item que estiver no lixo, pode ser reciclado se for separado corretamente, o que significa que ele pode ser transformado em algo novo.
Já o rejeito são coisas que não podem ser recicladas ou reaproveitadas, como restos de lixo hospitalar ou produtos químicos perigosos. Eles precisam ser descartados de maneira especial para não prejudicar o ambiente e a saúde das pessoas.
Por fim, o resíduo são materiais que ainda têm valor e podem ser úteis novamente. São coisas que podem ser transformadas em algo novo, como o papel usado que pode virar papel reciclado.
A resposta para essa pergunta é sim! O tempo de decomposição dos materiais pode ser significativamente diferente em solo e no oceano devido às condições ambientais distintas.
No solo, as condições de umidade, temperatura e exposição a microrganismos decompositores tendem a variar mais do que no ambiente marinho. Portanto, alguns materiais podem se decompor mais rapidamente em solo, onde há uma maior atividade de microrganismos e um ambiente mais variável, enquanto outros materiais podem persistir por mais tempo em solo seco e pouco propício à decomposição.
Por outro lado, no oceano, as condições tendem a ser mais estáveis em termos de umidade e temperatura em grandes profundidades, o que pode levar a tempos de decomposição mais longos para alguns materiais.
Além disso, o ambiente marinho pode proteger certos objetos da exposição direta ao oxigênio, o que pode retardar ainda mais a decomposição de materiais como metais.
Tempo de decomposição de alguns materiais no oceano. Imagem: Fundação Mamíferos Aquáticos.
Vamos começar com o grande vilão da atualidade: o plástico. As garrafas de água, sacolas e canudos que usamos no dia a dia podem persistir no oceano por séculos!
O plástico é resistente, mas, ao longo do tempo, os raios ultravioleta do sol e as forças do oceano o fragmentam em pedaços cada vez menores, criando o temido "microplástico". Isso não só polui a água, mas também afeta a vida marinha que ingere essas partículas.
Materiais como papel e papelão se decompõem muito mais rápido. Em condições adequadas, leva apenas algumas semanas ou meses para que esses produtos se desintegrem no oceano. No entanto, isso não significa que jogar papel no mar seja aceitável. Qualquer forma de poluição é prejudicial ao ambiente marinho.
O tempo de decomposição de tecidos no oceano varia conforme o tipo de tecido. Tecidos naturais, como algodão e linho, tendem a se decompor em algumas semanas a meses. Já tecidos sintéticos, como poliéster, podem levar muitos anos ou até décadas para se desintegrarem completamente no ambiente marinho.
No processo de decomposição, os tecidos sintéticos podem liberar microplásticos, representando um risco para a vida marinha. Portanto, é fundamental escolher materiais sustentáveis e descartar tecidos de forma responsável para proteger nossos oceanos.
A madeira pintada em navios naufragados tem um tempo de degradação que pode ser mais lento em comparação com a madeira exposta ao ambiente terrestre, devido à exposição constante à água do mar.
No entanto, a presença de microrganismos marinhos e organismos que se alimentam de madeira pode acelerar a degradação ao longo do tempo. A qualidade da tinta utilizada também desempenha um papel importante no processo de decomposição da madeira.
Esses dois materiais ganham destaque na lista devido seu tempo de degradação. O vidro e o alumínio são verdadeiros “campeões da permanência”. O vidro, quando lançado ao mar, leva tempo indeterminado para se decompor completamente, mas estima-se que pode levar até 1 milhão de anos.
O alumínio, por sua vez, é um pouco mais rápido, levando cerca de 200 anos. No entanto, ambos podem ser reciclados quase infinitamente, economizando recursos preciosos e reduzindo a pegada ecológica.
A borracha tem um tempo de decomposição notavelmente longo, especialmente quando está em ambientes aquáticos, como oceanos. Em condições terrestres, pode levar décadas para se decompor devido à sua durabilidade.
Em ambientes aquáticos, a decomposição é ainda mais lenta devido à falta de microrganismos decompositores. Isso significa que objetos de borracha, como pneus abandonados no oceano, podem persistir por muitos anos, representando uma preocupação ambiental devido ao seu potencial impacto nesses ambientes.
Tão danosas quanto o plástico, as bitucas de cigarro já representam a maior parte do lixo nas praias brasileiras. A quantidade de bitucas de cigarros nas praias é alarmante, com milhões delas sendo encontradas anualmente.
Esses pequenos resíduos levam cerca de 5 anos para desaparecer do ambiente e isso se deve ao fato de que 95% dos filtros de cigarros são compostos de acetato de celulose, composto orgânico de difícil degradação.
Além disso, muitas vezes, são confundidas com alimentos por animais marinhos, causando sérios danos à saúde destes.
O isopor, frequentemente encontrado nas praias, é proveniente de partes de boias, pranchas de surf, e mesmo de embalagens presentes no nosso dia a dia. É um material que levanta sérias preocupações ambientais.
Devido à sua leveza, pode ser facilmente levado pelas correntes marítimas e acabar poluindo as praias e os oceanos. Infelizmente, o isopor é notoriamente resistente à decomposição natural, levando um tempo indeterminado para se desintegrar por completo.
Essa longa duração o torna uma ameaça persistente para a vida marinha, já que os animais frequentemente o ingerem de forma acidental, causando danos graves.
No entanto, há esperança, pois o isopor é reciclável! É conhecido tecnicamente como poliestireno expandido ou EPS, ou seja, é um tipo de plástico e pode ser reciclado. 98% de sua composição é ar e os outros 2% plástico.
Empresas e organizações estão trabalhando para promover a coleta e reciclagem de isopor, transformando-o em produtos reutilizáveis.
É fundamental que os surfistas, frequentadores de praias e a sociedade em geral estejam cientes da importância de não descartar isopor no ambiente marinho e de apoiar esforços de reciclagem para mitigar a poluição causada por esse resíduo.
Os famosos materiais biodegradáveis tem, sim, potencial para serem parte da solução para o problema da poluição ambiental, mas não são uma solução universal por si só. Vamos entender melhor:
Decomposição Natural: Materiais biodegradáveis são projetados para se decompor naturalmente, geralmente em um período de tempo mais curto do que materiais não biodegradáveis.
Menos Poluição: Eles têm o potencial de reduzir a quantidade de resíduos de longa duração que persistem no ambiente, como plásticos convencionais.
Menos Dependência de Recursos Finitos: Muitos materiais biodegradáveis são derivados de fontes renováveis, reduzindo a dependência de recursos não renováveis.
Feitos de componentes naturais, esses materiais se degradam rapidamente e não deixam rastros tóxicos. No entanto, é fundamental que sejam gerenciados adequadamente, pois, mesmo biodegradáveis, podem causar problemas se em grande quantidade.
Apesar de apresentarem muitos pontos positivos, esses materiais apresentam algumas limitações.
A biodegradação muitas vezes requer condições específicas, como um ambiente com umidade e microrganismos adequados. Em condições de aterros sanitários ou ambientes marinhos profundos, onde essas condições podem não existir, a degradação pode ser muito lenta.
Durante a decomposição, também podem emitir gases de efeito estufa ou outros produtos indesejados. Sendo assim, para que os materiais biodegradáveis funcionem como uma medida mitigadora à poluição, é essencial que sejam usados e descartados corretamente. Se forem misturados com outros materiais, o processo de degradação pode ser prejudicado.
Por mais que contribuam para reduzir o impacto ambiental, eles não são uma solução isolada. A abordagem mais eficaz envolve uma combinação de redução do consumo de produtos descartáveis, reciclagem, reutilização e o uso responsável de materiais biodegradáveis quando apropriado.
E não podemos deixar de ressaltar que a educação e a conscientização da população desempenham um papel fundamental em qualquer esforço para lidar com a poluição ambiental.
Em resumo, o tempo de degradação do lixo no oceano varia de acordo com o material, indo de semanas a milênios. Mas, independente do tempo, todos os tipos de lixo têm um impacto negativo no meio ambiente. A conscientização e a mudança de hábitos são essenciais.
Reciclar, reduzir e reutilizar são ações que todos nós podemos adotar para minimizar nosso impacto no oceano. Opte por materiais sustentáveis, evite o desperdício e participe de campanhas de limpeza de praias.
No mês de setembro é comemorado o Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias. Dia 16 de setembro, serão realizadas diversas ações pelo litoral do Brasil. A Fundação Mamíferos Aquáticos irá participar de uma grande ação de limpeza de praias em Aracaju - SE.
Ação de limpeza de praias #TeamSeas, realizada em Sergipe. Foto: Acervo FMA.
Nossas ações de limpeza de praias tem reunido muitos voluntários, dispostos a fazer a diferença e contribuir com uma praia mais limpa. No ano passado, promovemos uma campanha em parceria com o Projeto Viva o Peixe-boi-marinho e coletamos mais de 1 tonelada de resíduos sólidos em cerca de 13 km percorridos.
Ação de Limpeza de Praias realizada em 2022. Foto: Acervo FMA.
Estamos confiantes que este ano o resultado será ainda melhor! Que tal se juntar ao time da FMA nessa próxima ação? Para saber mais, nos acompanhe em nosso Instagram @mamiferosaquaticos .
Juntos, podemos fazer a diferença e garantir que o tempo de degradação do lixo no oceano seja mais curto e menos prejudicial para o nosso planeta e as futuras gerações.
Temos um artigo de blog que fala mais sobre o problema do lixo nas praias. Clique aqui para conferir.
Autor: Juliana Cuoco Badari - Greenbond.