Ação conjunta entre pescadores e pesquisadores assegurou a qualidade das amostras enviadas para estudo.
Por Douglas Santos
Ação conjunta entre pescadores e pesquisadores assegurou a qualidade das amostras enviadas para estudo
Na região de Canavieiras, na Bahia, uma parceria inédita entre universidades, comunidades de pescadores e gestores de Unidades de Conservação encurtou distâncias e possibilitou avanços importantes para a análise de pescados. Essa é a história do quinto episódio do especial “Vidas Sob o Mar de Petróleo”.
Os pescadores contribuíram com o conhecimento local sobre onde e quais os peixes e crustáceos são produzidos e consumidos na região. Os pesquisadores e as universidades, entraram com a expertise de pensar uma estratégia para análise dos contaminantes. E os gestores das Unidades de Conservação cuidaram da articulação entre as frentes de trabalho.
Juntos, eles criaram um sistema que permitiu aos pescadores e à comunidade de Canavieiras coletar amostras científicas de maneira simples, rápida e eficiente
O sistema consiste primeiramente em listar quais espécies são consumidas e pescadas na região. Depois, os pescadores retiravam amostras de três estuários e três pontos em mar aberto, indicados pelos pesquisadores. O material coletado era armazenado em papel alumínio e sacolas plásticas, congelado e, então, mandado de avião para a análise nos laboratórios.
Uma segunda etapa foi garantir que as amostras coletadas fossem analisadas pelo Laboratório de Geoquímica Orgânica da UERJ, que com o apoio do ICMbio e do Núcleo de Estudos de Manguezais, processaram mais de 70 amostras. O modelo cooperativo funcionou e apontou que, de todas as espécies coletadas, nenhuma apresentou risco para o consumo desses pescados.
Segundo os cientistas, esse resultado é fruto do trabalho duro e corajoso da comunidade para conter os efeitos do derramamento e garantir a segurança dos pescadores, consumidores e de toda a comunidade. “Apesar do vazamento, hoje a situação do Brasil é a mesma. Existem grupos de pesquisa no país com expertise para atuar em eventos como esse, mas ainda não há integração entre esses grupos. O país precisaria avançar na criação de um órgão para coordenar essas ações ao longo de toda a costa”, afirma Luiz Paulo Assad, oceanógrafo e professor da UFRJ que atua no departamento de meteorologia e é professor colaborador do programa de engenharia-civil da COPPE.
Este episódio mostra como as parcerias viabilizaram as coletas de amostras.
Para assistir a todos os episódios da série “Vidas Sob o Mar de Petróleo”, acesse a playlist completa no Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=tN_8RuX2IaQ&feature=youtu.be
Foto e texto: wwf.org.br