fma-topdiv2

FMA e Nortronic desenvolvem tecnologia inédita "Internet das Coisas" (IoT) para monitorar peixes-bois-marinhos no Nordeste

11/01/2021        

De forma inédita no Brasil, Fundação Mamíferos Aquáticos e Nortronic desenvolvem tecnologia que utiliza a "Internet das Coisas" (IoT) para monitorar peixes-bois-marinhos no Nordeste

Por João Carlos Gomes Borges

 Tecnologia comumente utilizada em cidades inteligentes, a "Internet das Coisas" (IoT) permite a interconexão digital de objetos com a internet, formando uma rede capaz de reunir e transmitir dados. Com um jeito bem brasileiro, muita pesquisa e criatividade, esse conceito agora está sendo aplicado no monitoramento de peixes-bois-marinhos reintroduzidos na Paraíba. O objetivo é ampliar a diversidade de equipamentos destinados ao monitoramento dos peixes-bois-marinhos, favorecendo a geração de conhecimento científico sobre a espécie, e contribuir com as atividades de soltura existentes no Brasil e em outros países. É a tecnologia em favor da conservação de espécies ameaçadas de extinção no país.

Atualmente o monitoramento dos peixes-bois marinhos vem sendo realizado tanto por técnicas tradicionais de VHF, como também por meio do sistema satelital. Uma complementando a outra. Na técnica tradicional de sistema VHF, a localização é obtida pelo apontamento da antena em direção ao animal, que carrega um equipamento semelhante a uma boia com uma antena conectado por um cinto a sua nadadeira caudal. Neste caso, os radiotransmissores emitem sinais com intensidade ampliada, a medida em que ocorre a aproximação do animal. Esses equipamentos são leves, oferecem muita versatilidade e são relativamente baratos quando comparados a outras tecnologias, porém operam somente a curta distância, limitando assim a capacidade de identificação dos animais em muitas ocasiões.

Já os transmissores satelitais, apresentam-se de forma mais sofisticada, com maior acurácia e permitem o acompanhamento remoto dos animais monitorados por meio de satélites. Com um celular na mão ou pelo computador, é possível ver a localização do animal em qualquer lugar do planeta quase que de forma instantânea. Porém, ainda que a Fundação Mamíferos Aquáticos e a Nortronic – Sistemas Eletrônicos do Nordeste tenham barateado significativamente o custo fabricando essa tecnologia (antes só obtida em outros países) no Brasil, ainda assim os custos muitas vezes inviabilizam a sua aquisição.

Em alternativa a essas duas tecnologias apresentadas e mediante ao forte crescimento do conceito da “Internet das coisas”, vem surgindo uma nova tecnologia, denominada “LoRa” (Long Range), a qual possibilita um alcance maior de cobertura (10 a 15 km), quando comparado ao sistema VHF. Esta tecnologia, de arquitetura semelhante a de telefonia celular, com distribuição em estrela ou ponto a ponto, possibilita que sejam cobertas vastas áreas, sem a necessidade de fazer uso de sistemas satelitais.

O emprego da tecnologia “LoRaWan” oferece ainda a possibilidade de usar um protocolo de acesso pela Internet, a partir de um ou vários "gateways" (espécies de receptores) que podem ser espalhados ao longo da área de interesse, permitindo ao pesquisador alimentar seu aplicativo em tempo quase real. Esses gateways, além de receber os dados provenientes dos transmissores, atuam como relés (interruptores eletromecânicos) dos sinais e se comunicam entre si e, caso sejam conectados a um ponto de acesso à Internet, disponibilizam os dados para os usuários autorizados do sistema.

O sistema LoRa é bidirecional, possibilitando inclusive o acionamento e a reconfiguração remota dos dispositivos em função de necessidades específicas da pesquisa. Por ser um sistema aberto, cujo usuário é proprietário, não incidem custos associados à transmissão e à disseminação dos dados coletados.

De forma inédita no monitoramento dos peixes-bois-marinhos, equipamentos utilizando esta tecnologia foram fabricados pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Nortronic – Sistemas Eletrônicos do Nordeste e já encontram-se sendo utilizados no estado da Paraíba. Na operação deste sistema tecnológico, além da concepção dos transmissores, ocorreu a instalação de uma antena para recepção dos sinais, placa solar, gateway e a contratação de serviços de internet.

Após diversos testes em campo, os quais tiveram a intenção de verificar a abrangência na transmissão dos sinais, no mês de janeiro do corrente ano, ocorreu a marcação do primeiro peixe-boi-marinho utilizando este tipo de tecnologia, sendo as atividades realizadas no estuário do rio Mamanguape, litoral norte do estado da Paraíba.

Esta iniciativa é fruto do Projeto “Desenvolvimento e difusão de tecnologias remotas “IoT” destinadas ao monitoramento dos peixes-bois-marinhos, que conta com o patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza. Estas ações contam ainda com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, CEPENE/ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA) da Universidade Federal da Paraíba.

 Fotos: Acervo FMA

 

Compartilhe com os amigos!

div-wave01