As equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho/Fundação Mamíferos Aquáticos e da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, em parceria com a Resex Acaú-Goiana/ICMBio, atenderam, em menos de uma semana, duas ocorrências de encalhes de peixes-bois-marinhos mortos: uma no dia 15/06 e outra no dia 17/06. As carcaças dos animais foram encontradas na região de Pitimbu, litoral sul da Paraíba, nas margens do rio Tracunhaém, na Reserva Extrativista de Acaú-Goiana. Pescadores auxiliaram as equipes nas buscas das carcaças e com informações sobre a localização. A primeira ocorrência se tratava de uma fêmea adulta, medindo 3,5 metros de comprimento e pesando 467 kg, em avançado estado de decomposição. A necropsia precisou ser feita no local devido ao grande tamanho do animal, onde foram coletadas amostras de órgãos para análises. A segunda carcaça foi de uma fêmea, medindo 2,7 metros e pesando 288 kg, também em estado avançado de decomposição. Esta segunda carcaça foi recolhida e transferida para a base da APA da Barra do Rio Mamanguape, onde foi realizada a necropsia.

De acordo com o médico veterinário do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho/Fundação Mamíferos Aquáticos, Matheus Marussi, devido ao estágio avançado de decomposição das duas carcaças, não foi possível a princípio concluir a causa das mortes, verificar por exemplo se havia alguma marca ou hematoma nos animais, porém amostras de tecidos e órgãos foram coletadas e encaminhadas para análises laboratoriais (histopatológicas) que poderão dar uma pista sobre a causa das duas mortes. Não é possível afirmar ainda, mas, devido as duas carcaças serem encontradas na mesma região e em períodos próximos, as equipes acreditam na possibilidade destas duas mortes estarem relacionadas a um mesmo evento. Os resultados dos exames serão importantes neste sentido.

O litoral da Paraíba é um dos poucos lugares no Brasil onde é possível avistar peixes-bois-marinhos em ambiente natural, tanto nativos quanto aqueles que foram reabilitados e posteriormente soltos. A espécie é considerada ameaçada de extinção no Brasil, devido principalmente aos impactos ambientais provocados pelos seres humanos, como a poluição de mares e rios, circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da espécie que ocasionam atropelamentos dos animais, degradação dos manguezais e da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, perda de habitats (estuários e áreas costeiras), captura acidental em redes de pesca.
Os pesquisadores pedem atenção redobrada e colaboração da população para proteger os animais. Atenção para as orientações: Ao encontrar os peixes-bois-marinhos, apenas admire de longe; não toque, não alimente e nem forneça bebida aos animais. O melhor a fazer é manter distância, respeitando a área de uso dos animais, e apenas admirá-los de longe. Se perceber que um peixe-boi está em perigo, machucado ou encalhado, entre em contato com o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp).
Aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins), o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho alerta: Antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza que o animal não está por perto; Se estiver navegando e avistar o animal nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos.
Caso encontre um animal encalhado morto, faça como os pescadores que acionaram imediatamente o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho pelos telefones dispostos acima. Não toque na carcaça. E se acontecer de encontrar um peixe-boi-marinho encalhado vivo, siga as seguintes orientações:
1. Aproxime-se devagar e fale baixo para não assustá-lo;
2. Observe se o animal está respirando e se mexendo;
3. Comunique imediatamente às instituições ambientais atuantes na região (Na Paraíba, em Sergipe e litoral norte da Bahia, entre em contato com o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho/Fundação Mamíferos Aquáticos pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp)/ (79) 99130-0016.
4. Proteja-o do sol: faça uma sombra, cubra com panos claros ou toalhas e molhe a pele sempre, tomando cuidado para não cobrir as narinas;
5. Cuidado para não jogar água nas narinas, quando estiverem abertas;
6. Afaste os curiosos. Se precisar, chame os policiais e bombeiros (ligue 190 ou 193);
7. Não devolva o animal para o mar;
8. Não alimente.

O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape/ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba (PPGEMA - UFPB).

Fotos: Acervo FMA