Um novo curta-metragem, produzido pela Rota do Peixe-Boi-Marinho, lança um olhar detalhado sobre a relação entre a conservação do peixe-boi-marinho e o turismo na comunidade da Barra do Mamanguape, Rio Tinto, Paraíba. Por meio de depoimentos, moradores contam suas histórias e revelam como a conservação da natureza pode impulsionar o desenvolvimento econômico e a preservação das tradições culturais de uma região.
Clique aqui para assistir. (https://youtu.be/9gwbAWsx99Y )
O Início
A história começa em 1987, quando a primeira base do Projeto Peixe-Boi foi estabelecida na Barra do Mamanguape pelo extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). O local foi escolhido por ser uma das principais áreas de ocorrência e reprodução dos peixes-bois-marinhos no Brasil. Em 1989, quando esses animais ainda eram vítimas da caça, quatro pesquisadores fundaram a Fundação Mamíferos Marinhos (atual Fundação Mamíferos Aquáticos - FMA) para angariar recursos necessários à conservação da espécie. O projeto ganhou impulso com a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, em 1993.
No ano seguinte, a Fundação lançou a Oficina Peixe-Boi e Cia, considerada um dos primeiros passos no desenvolvimento turístico da região. A produção de pelúcias de peixe-boi oferecia uma nova fonte de renda para as mulheres da comunidade, enquanto contribui com a sensibilização para a conservação da espécie.
A chegada dos turistas começou mesmo em 1996, quando dois peixes-bois-marinhos, “Xuxu e Folia”, despertaram a curiosidade das pessoas ao serem colocados em um cativeiro de readaptação, etapa que precede a soltura. Pensando em implantar a estratégia sinalizada na criação da APA, Danielle Paludo convidou quatro pescadores locais para transportar os turistas por meio de suas canoas até o recinto da Gamboa de Caracabu. Este evento marcou o início do turismo comunitário na região.
Conservação e Desenvolvimento
A criação do Centro de Visitação ampliou ainda mais o fluxo de turistas, potencializando novas alternativas de renda aos moradores locais, a partir da criação de estabelecimentos comerciais nos setores de hospedagem e alimentação. No início dos anos 2000, o fluxo de turistas e visitantes na região foi aumentando. Além dos peixes-bois, as belas paisagens do estuário e a cultura local também se tornaram atrativos.
Daniela Araújo, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Comunitário (NEADESC) da FMA, destaca a importância do turismo sustentável na região: "É impossível desassociar o turismo da Barra de Mamanguape do peixe-boi-marinho. A gente hoje observa o engajamento da comunidade, o compromisso das instituições envolvidas com a estratégia de conservação e o que temos hoje realmente é a efetividade da estratégia com a melhoria das condições de vida da comunidade e com o peixe-boi ali, como um embaixador, levando a bandeira da conservação para a região."
Cultura e Natureza
Atualmente, mais de 30 equipamentos turísticos operam na Barra de Mamanguape, proporcionando uma experiência que alia conservação ambiental e desenvolvimento econômico. Ao oferecer uma fonte de renda importante, o turismo comunitário também contribui para a preservação da cultura e das tradições locais.
A Rota do Peixe-Boi-Marinho é uma iniciativa de turismo sustentável realizada pela Fundação Mamíferos Aquáticos, em parceria com a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Visa a promoção da conservação dos peixes-bois-marinhos e de seus habitats, bem como o desenvolvimento econômico sustentável das comunidades locais.
Imagens: Allex Nazário/AcervoFMA