O Centro de Reabilitação e Despetrolização de fauna silvestre da Fundação Mamíferos Aquáticos é essencial no atendimento e acolhimento de animais vítimas das ações antrópicas ou impactados pelo vazamento de óleo no oceano. O CRD possui excelente estrutura, contando com recintos adequados e equipe preparada para atender as ocorrências. O CRD, com as suas características inovadoras e extremamente funcionais, representa um grande ganho ao litoral nordestino. Confira no texto mais informações sobre o CRD da FMA!
Foto: Acervo FMA
Em 2019, o litoral nordestino passou a contar com um centro especializado em resgatar, reabilitar e pesquisar animais aquáticos. Um empreendimento com excelente estrutura, que possui 2200 m² de área construída e está localizado na região metropolitana de Aracaju-SE.
Nosso Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD), corresponde a uma das poucas estruturas desta natureza disponíveis na região Nordeste do Brasil, com possibilidade de atendimento simultâneo de diversas espécies de aves-marinhas, tartarugas e mamíferos aquáticos.
Foto: Acervo FMA.
O CRD, é um complexo integrado de reabilitação de aves costeiras e marinhas, tartarugas-marinhas e mamíferos aquáticos, possibilitando a realização dos procedimentos de resgate, triagem e a reabilitação dos animais atendidos. Em situações envolvendo animais oleados, além de equipes especializadas, o CRD dispõe de equipamentos e estruturas adequadas para a realização dos procedimentos de despetrolização e destinação correta dos resíduos gerados.
O Centro busca otimizar o tempo de recuperação dos animais, para garantir que cada indivíduo receba a destinação adequada, priorizando a soltura dos mesmos ao seu habitat natural.
A estrutura possui uma arquitetura moderna e sustentável, a qual foi planejada e construída de maneira a otimizar os recursos naturais disponíveis no espaço. Na construção foram utilizados contêineres reaproveitados, reduzindo o uso de materiais de construção, e com isso, reduzindo os impactos negativos ao meio ambiente.
Possuímos um complexo de piscinas que dispõe de um moderno sistema de tratamento de água, que circula em um circuito fechado, utilizando tecnologias que reduzem o consumo e descarte de água.
O local conta com uma ampla e organizada estrutura e possui diferentes espaços para que todas as atividades sejam desenvolvidas com excelência.
Foto: Acervo FMA.
Nosso CRD (imagem acima) conta com: Área de Reabilitação de Fauna, para diferentes grupos taxonômicos; piscinas com água doce e salgada; laboratório; Área de Necrópsia; ambulatórios; alojamento; cozinha para armazenamento e preparação da alimentação dos animais; Área de Emergência (Atendimento de fauna oleada); Área de Despetrolização e lavagem dos animais; Área administrativa e de convivência.
Os derramamentos de óleo nos oceanos constitui um sério problema ambiental, que ocasiona consequências graves, contaminando o ambiente aquático e afetando a vida marinha. Os impactos desses vazamentos oceanos são devastadores.
O óleo é uma substância tóxica que forma uma camada sobre a superfície da água, impedindo a entrada de luz solar e diminuindo a oxigenação. Isso pode causar a morte de peixes, crustáceos e outros animais marinhos que dependem da luz e do oxigênio para sobreviver.
As manchas de petróleo bloqueiam a luminosidade, impedindo que o fitoplâncton realize a fotossíntese.O fitoplâncton, por sua vez, é essencial para o funcionamento do ecossistema marinho, pois serve de abrigo e alimento para inúmeros animais. Ou seja, esse problema prejudica toda a cadeia alimentar do ecossistema marinho.
Tartaruga oleada resgatada no derramamento de petróleo de 2019. Foto: Acervo FMA.
Além disso, o óleo também adere ao corpo dos animais aquáticos, prejudicando sua capacidade de se mover e de se alimentar. A ingestão de óleo pode causar danos ao sistema digestivo destes, levando à desnutrição e à morte. Alguns animais, como as aves marinhas, podem se afogar ou morrer de hipotermia após serem cobertos pelo óleo.
Em 2019, houve um grave vazamento de petróleo e manchas de óleo começaram a aparecer em todo o litoral brasileiro. O vazamento ocorreu em alto mar, mas logo, a poluição se espalhou rapidamente por toda a costa do país. Essa foi a maior tragédia ambiental por derramamento de petróleo da história do Brasil e devido sua magnitude, foi decretada emergência ambiental.
Durante o desastre, a FMA registrou as ocorrências ao longo de toda faixa litorânea de Sergipe, fazendo o trabalho de resgate e despetrolização de animais do estado. Este trabalho foi estendido também ao litoral norte da Bahia, que inicialmente não contava com um centro de atendimento a emergências.
Entre as espécies acometidas, diversos casos críticos foram diagnosticados nas tartarugas-marinhas, ocasionando o óbito de muitos espécimes. Dos 159 registros de fauna impactados pelo óleo na costa brasileira, a FMA atendeu 33 indivíduos. Das 16 solturas realizadas provenientes da emergência ambiental, 50% destas foram animais reabilitados e devolvidos pela equipe do CRD da FMA.
Foto: Acervo FMA.
Em meio às dificuldades enfrentadas, os significativos e imensuráveis esforços de resgate, reabilitação e soltura, nos proporcionaram colher indicadores positivos e sensação de dever cumprido.
A manutenção deste Centro de Reabilitação é primordial para a região, pois acolhe animais impactados pelas ações antrópicas (ações dos seres humanos) e que necessitam de cuidados adequados para se recuperarem e desenvolverem, para então, voltarem saudáveis ao seu ambiente. É por isso que a ciência e a pesquisa no nosso dia-a-dia representam o cuidado e a aposta em um futuro melhor e mais sustentável.
Foto no momento do resgate de ganso oleado. Fotos: Acervo FMA.
Ganso reabilitado. Foto: Acervo FMA.
O Centro eventualmente auxilia de forma colaborativa os animais oriundos do IBAMA de Alagoas, que não possuem um espaço apropriado para atendimento de fauna aquática. Tem potencial para projetar a mídia positiva para qualquer empresa interessada em contribuir com a conservação das espécies. Tem capacidade para desenvolver várias atividades de educação ambiental, e funciona como estrutura de apoio e atendimento para os peixes-bois-marinhos que utilizam o estado de Sergipe e norte da Bahia, bem como as ações desenvolvidas para a referida espécie.
Tratando-se de peixes-bois-marinhos, Sergipe representa uma das áreas que a espécie foi extinta e que aos poucos encontra-se novamente sendo utilizada por espécimes que foram reintroduzidos, como por exemplo o Astro (primeiro peixe-boi-marinho solto no Brasil).
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Na década dos Oceanos, instituída pela ONU, fica evidente a necessidade e importância de iniciativas que promovam e valorizem indicadores de sustentabilidade com impactos ambientais positivos. Segundo o secretário geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, “temos uma oportunidade única e a responsabilidade de corrigir a nossa relação com o meio ambiente, incluindo os mares e os oceanos do mundo”.