Um já é um velho conhecido no estado, o peixe-boi-marinho “Astro”, que vive entre o litoral sul de Sergipe e norte da Bahia há mais de 20 anos. E os outros dois são “Tinga” e “Tupã”, reintroduzidos em Alagoas (em 2010 e 2012, respectivamente), mas que há cerca de três anos estão utilizando o litoral de Sergipe eventualmente. Uma notícia animadora para os pesquisadores que trabalham pela conservação da espécie no Brasil, já que Sergipe tem revelado cada vez mais ser um local propício para a existência da espécie. É importante destacar que os peixes-bois-marinhos já foram considerados extintos do litoral de Sergipe. Parece que o cenário está mudando, e para melhor.
O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - pede a colaboração de todos (moradores, turistas, banhistas, pescadores) para não tocar, não alimentar e nem fornecer bebida aos animais. Caso alguém encontre um peixe-boi-marinho, o melhor a fazer é manter distância, respeitando a área de uso do animal, e apenas admirá-lo de longe. Se o peixe-boi estiver em perigo, machucado ou encalhado, entre em contato com o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (whatsapp) / (79) 99130-0016.
A aproximação, o toque e a oferta de alimentos podem causar uma dependência dos animais a estas ocasiões e trazer dificuldades para a adaptação deles à vida livre. Além disso, existem doenças que podem ser veiculadas nestes contatos, tanto das pessoas para os peixes-bois como vice-versa. Os peixes-bois se alimentam de vegetação aquática encontrada no mar, nos estuários e manguezais. Os alimentos ofertados pelos humanos não fazem parte da sua dieta. Quando estão com sede, os peixes-bois entram nos estuários e procuram nascentes de água doce para beber. Ou seja, eles encontram tudo o que precisam na natureza, não precisam dos humanos para isso. Ademais, determinadas tentativas de interação com os animais podem perturbá-los e/ou machucá-los.
Aos condutores de embarcações motorizadas (barcos, lanchas, jet skis e afins): Antes de acionar o motor, olhe ao redor e verifique se tem peixe-boi marinho próximo. A hélice em movimento pode machucar e matar o animal. Só ligue o motor se tiver certeza que o animal não está por perto; Se estiver navegando e avistar o animal nas proximidades, reduza a velocidade ou desligue o motor para evitar colisões e atropelamentos.
O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
HISTÓRICO DE “TINGA”, “TUPÔ E “ASTRO”
“Tinga” está com 19 anos de idade. Foi encontrado encalhado ainda filhote no dia 24/05/2002, na Praia Redonda, em Icapuí (CE). A ONG Aquasis fez o resgate e o encaminhou para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio (Ilha de Itamaracá -PE), que em conjunto com a Fundação Mamíferos Aquáticos seguiram com os protocolos de reabilitação. No dia 19/02/2009, foi transferido para o recinto de readaptação em ambiente natural localizado em Porto de Pedras (AL) e em 12/05/2010 foi reintroduzido na mesma região.
"Tupã" tem aproximadamente 17 anos. Foi resgatado ainda filhote em 2005 pela equipe da Aquasis na praia de Uruaú, em Beberibe (CE), sendo logo encaminhado para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, localizado na Ilha de Itamaracá (PE), onde permaneceu por seis anos em processo de reabilitação. Em 2011, "Tupã" foi transferido para o cativeiro em ambiente natural localizado em Porto de Pedras (AL) e em 2012 foi reintroduzido na natureza, no litoral alagoano. Há alguns anos, “Tupã” sofreu um corte com faca ou algum objeto perfuro cortante, provocando um sério ferimento na região da cabeça, razões pelas quais precisou ser resgatado com urgência pela equipe da APA Costa dos Corais e CEPENE/ICMBio, retornando para tratamento intensivo em cativeiro de readaptação. Após ser restabelecida a sua condição clínica, novamente ganhou a liberdade. Vê-lo com boa condição corporal, sem qualquer ferimento e utilizando novas áreas é com certeza uma grande conquista para todos.
Já "Astro” têm um histórico de extrema importância para a conservação do peixe-boi marinho no Brasil. Ele e a peixe-boi "Lua" foram os primeiros animais da espécie a serem reintroduzidos no país. Em 1991, ele foi encontrado ainda filhote encalhado na praia de Aracati (CE), sendo em seguida encaminhado para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, em Itamaracá, onde permaneceu por três anos em processo de reabilitação. Em 1994, foi transferido para um cativeiro construído em ambiente natural, em Paripueira (AL), e, após readaptado às condições ambientais, foi solto nesta mesma região. Por volta de 1998, “Astro” se deslocou para o litoral de Sergipe e, desde então, vem utilizando a área compreendida entre o rio Vaza-Barris (SE), o complexo estuarino rio Real até Mangue Seco, litoral norte da Bahia.
INFORMAÇÕES SOBRE O PEIXE-BOI-MARINHO
O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) é um mamífero aquático da ordem Sirenia que pode chegar a pesar 800 kg e a medir até 4 metros. Apesar de toda a robustez, é um animal herbívoro, que se alimenta de capim-agulha e vegetação aquática. Como todo mamífero, sua respiração é pulmonar. Em um ambiente saudável, livre de ameaças, o peixe-boi pode viver até os 60 anos. No Brasil, infelizmente, a espécie está “em perigo” de extinção. De acordo com pesquisas desenvolvidas pela Fundação Mamíferos Aquáticos, a Universidade Federal de Pernambuco e a FURG, estima-se que existam aproximadamente apenas 1.000 peixes-bois-marinhos no litoral nordestino (numa área compreendida de Alagoas até o Piauí). A orientação para caso alguém encontre um animal desta espécie é: manter distância, não tocar, não alimentar e nem oferecer bebida.